sábado, 1 de outubro de 2011

A luta anti-racista, o movimento estudantil e a construção da Universidade popular

   
Nesta segunda feira (03/10) o Conselho de Ensino, Pesquisa e extensão (CONSEPE) da UFMT votará   o projeto de cotas sociais para os alunos que ingressarem na Instituição apartir de 2012. Nós do coletivo Contraponto acreditamos que este é o momento de debatemos   educação brasileira e a sociedade em que estamos inseridos. O projeto de Cotas na UFMT não está propiciando este debate da a universidade com a sociedade e reitoria mais uma vezes quer atrapelar  as discussões e isso não pode acontecer.
Atualmente o corpo estudantil UFMT vive   um momento de discussão práticas de discriminação são comuns e são manifestas às vezes de forma escancarada (como no caso Toni), às vezes em atitudes subliminares. Já é hora de enegrecer a universidade e o movimento estudantil. Precisamos construir uma ampla discussão da temática étnico-racial em parceria com o Movimento Negro, somar forças na luta contra o racismo e pela igualdade racial na UFMT e no Brasil.
Um dos principais campos de batalha deve ser a universidade, precisamos trazer as contradições sociais pra dentro da Universidade, colocá-la em crise, discutir as políticas de acesso e permanência, debater a construção de um projeto de Universidade alternativo. Uma Universidade democrática e popular, que seja pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada, produzindo conhecimento para o desenvolvimento e benefício da maioria do nosso povo, negro e pobre. Atualmente a Universidade pública é um espaço elitista que produz conhecimento para uma minoria e onde o povo negro não pode entrar ficando relegado ao ensino privado, sem qualidade, sem políticas de pesquisa, extensão e garantia de permanência.
Historicamente, foi negado à população negra o direito à educação. A presença quantitativa de estudantes negros e negras na educação superior é quase insignificante. O contingente de universitários no Brasil já é restrito, e dentro deste pequeno universo, menos de 2% são negros. Ora, não se pode falar em igualdade racial sem falar em igualdade de direitos.
Se, por um lado, com o PROUNI a população negra universitária cresceu, por outro, é preciso ver que a lógica que este programa obedece é racista. É a lógica de “uma educação pobre para os pobres”. Enquanto jovens negras e negros estão como bolsistas numa faculdade privada, onde pesquisa e extensão são penduricalhos inúteis, a aprovação das cotas raciais na universidade pública anda a passos lentos. A elite branca no Brasil não aceita abrir mão do monopólio do conhecimento e no governo atual as políticas afirmativas não são prioridade.
Dados recentes comprovam isso, 23% dos cursos tiveram nota 1 e 2 - de baixa ou baixíssima qualidade no ENADE, a maioria deles está no PROUNI, que  tem atraído cada vez menos estudantes no País. No processo seletivo de 2009, foram 608.143 inscritos para concorrer às bolsas de estudo, queda de 28,9% em relação ao mesmo período de 2008, quando foram 855.734 candidatos. Além da redução, o programa amargou sobra de 7.484 bolsas.
Os braços governistas nos movimentos sociais correm para defender o programa, propondo uma maior fiscalização e o aumento do número de bolsas. Pelo contrário, somos definitivamente contra esse programa. Em nossa visão os recursos públicos têm que ser investidos na Universidade pública, que precisa se expandir, não como vêm sendo feito através do REUNI, mas com qualidade, garantindo estrutura para o funcionamento dos cursos, assistência estudantil, valorização de professores e Técnicos, etc.
Para além do acesso, a falta de uma política de Assistência estudantil faz com que os números da evasão sejam altíssimos precisamos também garantir a permanência nos estudos – pois de nada adianta a juventude negra entrar na universidade se não consegue nela permanecer – e o acesso a estágios e postos de trabalho em condições de igualdade.
É preciso também dizer que os nossos parâmetros curriculares são extremamente eurocêntricos e negam a raiz africana das ciências e a sabedoria popular forjada por séculos pelos nativos desta terra. A Universidade pode ser a força propulsora de um processo de desenvolvimento social que subverta a realidade racista e desigual no nosso país.

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